Sem data para retomar as atividades presenciais e na falta de protocolos de órgãos públicos para a possível reabertura, escolas particulares em Minas Gerais começam a articular medidas de segurança para atividades presenciais por conta própria. “Esses protocolos deveriam vir do poder público, mas, infelizmente, ele não tomou ação. Queremos que a educação privada seja desvinculada da pública, porque a resposta do poder público é muito mais lenta”, diz Allan Mendes, dono de duas escolas infantis em Belo Horizonte e representantes do movimento Pró-Educação Infantil, que reúne cerca de 40 escolas na capital.
Junto a outro grupo de donos de instituições de ensino, o Escolas em Movimento, o Pró-Educação desenvolveu um protocolo de retomada das aulas presenciais nas escolas privadas do ensino infantil e, de acordo com Allan, entregou o documento à Câmara dos Vereadores. A intenção, diz ele, é conseguir aval da prefeitura para abertura das escolas de ensino infantil até o dia 13 de julho. O documento propõe medidas como distanciamento entre as carteiras em sala de aula e menos alunos por vez nos refeitórios — mas não proíbe contato físico entre as crianças. “Na educação infantil, o fluxo de pessoas é muito menor, são empresas que não têm aglomeração”, justifica Allan.
Questionado pela reportagem, o Conselho Municipal de Educação de Belo Horizonte (CME-BH) informa que só pautará o retorno às atividades escolares presenciais conforme diretrizes e definições do Comitê de Enfrentamento à Epidemia da Covid-19 na capital.
Escolas particulares dizem ser possível retorno de atividades presenciais em agosto, antes das escolas públicas
No ensino fundamental e médio, escolas também se movimentam para um possível retorno. Em comunicados aos pais, o Colégio Loyola, que reúne cerca de 2.500 estudantes, diz haver expectativa de retorno de aulas semipresenciais em agosto — procurado pela reportagem, o colégio ainda não forneceu mais detalhes sobre esse funcionamento e afirmou que isso depende das futuras orientações dos órgãos de saúde. O colégio Bernoulli, que conta com aproximadamente 4.200 alunos em três unidades na capital, preparou um protocolo de aulas escalonadas, que o diretor executivo pedagógico do grupo, Marcos Ragazzi, acredita que possam se iniciar entre meados de julho e o começo de agosto, dependendo da autorização dos órgãos públicos.
“Provavelmente, haverá rodízio de alunos indo à escola e nem todos poderão ir em determinado dia letivo. Fizemos todos os testes necessários para que as aulas possam ser transmitidas ao vivo a alunos que porventura não estejam escalados para ir naquele dia ou cujas famílias não se sintam seguras para enviá-los”, explica Ragazzi. Os recreios e os horários de entrada e saída dos estudantes também serão por escala.
Nesse ritmo, representantes e donos de escolas particulares acreditam que podem voltar a funcionar antes das escolas públicas. “A escola pública já tem diversos problemas, uma série de questões que foram acumuladas ao longo dos anos. Não podemos ser colocados na mesma situação e esperar que elas tenham condições para que
nós possamos reabrir”, disse Ademar Pereira, presidente da Federação Nacional de Escolas Particulares (Fenep).
A presidente do Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais (Sinep-MG), Zuleica Ávila, afirma que a retomada das aulas presenciais das escolas privadas antes das públicas não é um pleito do sindicato, mas cobra mais participação do setor privado nas discussões dos governos do Estado e de BH. Segundo ela, o governador Romeu Zema (Novo) já garantiu que o sindicato será incluído nas discussões sobre retomada de aulas no Estado, mas a Prefeitura de BH ainda não teria desenvolvido esse diálogo com o Sinep-MG.
Em nota, a Secretaria de Estado de Educação (SEE-MG) explica que as escolas particulares enquadram-se na onda roxa do programa Minas Consciente, que determina o que pode funcionar nos municípios mineiros que aderiram ao projeto. As atividades enquadradas na onda roxa só devem reabrir após o final da pandemia. “Qualquer entidade que quiser uma avaliação do seu setor poderá enviar um pedido formal para que o Centro de Operações de Emergência em Saúde (COES) possa avaliar”, finaliza o comunicado.
Fonte: O Tempo
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