Há mais de quatro meses da tragédia provocada pela Mineradora Vale, a sociedade ainda convive com interrogações, frustrações, insegurança. No Dia Mundial do Meio Ambiente temos mais questionamentos do que motivos para comemorar. A data é mais um dia de conscientização que luta para provocar responsabilidade social.
Minas Gerais foi agredida e devastada após as tragédias de Mariana e Brumadinho. As cidades estão aos poucos saindo das manchetes, mas não da memória de quem convive com os traumas da perda, com o choque, e com as lembranças. Não bastasse todo este apanhado de infortúnios, a falta de assistência adequada e o descaso ainda insulta quem esteve no palco da tragédia.
Aina há aqueles que convivem com bombas relógios. Barragens que recebem na correria, vistorias e mais vistorias e que acendem todo dia os alertas da vulnerabilidade.
Choramos e a natureza também. É uma corrida contra o tempo pela sobrevivência e nosso ecossistema respira com dificuldade, fato agravado pela irresponsabilidade e ganância humana. A tragédia da Vale deixou marcas profundas e cabe a nós agora, investirmos não só na cura, mas principalmente na prevenção. Cobrar posição, compromisso, respeito e atitudes corretas, agora tem que ser um dever contínuo de todos nós.
Sou relator da CPI das Barragens da Câmara Municipal de Belo Horizonte e assumo com afinco este dever, pois desejo que estas tragédias cessem. Chega de omissão enquanto o povo sofre. Seguimos pressionando e insistindo. Com muito trabalho fiz com que a justiça visse o nosso alerta sobre o risco de desabastecimento em BH provocado pela tragédia em Brumadinho e, agora, foi determinado que a Vale terá que construir uma nova fonte de captação. Esta é uma das provas de que quando o povo se levanta e há representantes que de fato têm um compromisso com o povo, as coisas acontecem.
Fica para hoje uma reflexão. Infelizmente não há motivos para se comemorar, mas se tem uma coisa que quero, é que haja, de uma vez por todas, um despertar em todas as esferas da sociedade.
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