A democrática violência doméstica

A violência doméstica, infelizmente, é algo muito mais comum do que imaginamos. Pense nas cinco mulheres mais importantes de sua vida. Pelas estatísticas brasileiras, pelo menos uma delas já pode ter sofrido algum tipo de violência doméstica. A violência contra a mulher é “democrática”, acontece em todos os grupos sociais, econômicos, religiosos, culturais e de  diversas maneiras.

De acordo com a Lei Maria da Penha, uma mulher pode sofrer de violência física (quando ofende sua integridade ou saúde física), psicológica (apontamento de falhas constantes, gerando a sensação de inadequação e de incompetência no agredido), sexual (qualquer conduta que constranja e force uma relação sexual), patrimonial (impede o acesso a bens, documentos e recursos econômicos) e moral (calúnias, injúrias, difamações e constrangimento em público). 

Na violência contra a mulher, 67% delas são agredidas em casa ou na rua, por seus companheiros e ex-companheiros, o que acontece o tempo todo. No Brasil, uma mulher é agredida fisicamente a cada 17 minutos, em média. De meia em meia hora uma mulher sofre violência psicológica ou moral e a cada três horas é relatado um caso de cárcere privado.

Todos os dias há pelo menos oito novos casos de violência sexual no país, e toda semana 33 mulheres são assassinadas por parceiros antigos ou atuais. Esses ataques são semanais para 75% das vítimas e as estatísticas demonstram que isso ocorre por até 5 anos, até a pessoa morrer ou ter forças para colocar um limite. 

Pesquisas mostram que 78% dessas mulheres agredidas são mães e 80% dos filhos presenciam ou também sofrem essas agressões. Mas por que estas mulheres não denunciam as agressões? A resposta não é tão simples. As vítimas sempre relatam que têm medo de retaliações maiores nelas ou nos filhos, medo de serem assassinadas ou tachadas como “vilãs” e culpadas por tudo. A maioria das mulheres agredidas depende financeiramente do agressor e não tem apoio emocional e material de familiares ou conhecidos. 

Outro desestímulo para denunciar é a falta de punição adequada ao agressor, que só fica preso de três meses a três anos, quando há  punição. 

A agressão contra a mulher é algo histórico no Brasil, uma vez que a busca por igualdade entre homens e mulheres só começou a partir de 1940. Até então, se o marido assassinasse a esposa, ele seria absolvido pela lei da honra, ao alegar que havia sido “traído”. Infelizmente, essa realidade ainda é vivenciada em vários países. A omissão da sociedade também contribui para as estatísticas, já que 82% das pessoas acreditam que devem se omitir em casos de brigas e problemas conjugais.

Esse tipo de violência é um grande desafio da sociedade. Precisamos repensar, proteger mais e respeitar esse ser humano fantástico, que é base de toda família, chamado mulher. #AcordaBH.

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